Peraxa " Miketz" - Isaac Dahan

A grande maioria das pessoas almeja melhorar de vida, quer aprimorando-se em nível educacional, trabalhando duro e galgando postos mais elevados em seu emprego atual ou mesmo competência e sorte como empreendedor de seu próprio negócio.

Nesta perashá vemos uma guinada radical na vida de um jovem, escravo e prisioneiro, acusado de assédio sexual, atributos nada recomendáveis em uma só pessoa, que estava prestes a assumir o cargo de vice-rei do Egito, a maior potência da época.

Entretanto, quando temos um caminho previamente traçado pelo Todo Poderoso, mesmo pelas vias mais inusitadas possíveis, ele acaba se confirmando. José tinha consciência de que tudo de ruim que estava acontecendo com ele era obra de D’us, não sabia ainda com que finalidade, mas acabou descobrindo por ocasião do reencontro com seus irmãos e a oportunidade que teve em salvar todo o povo de Israel da seca atroz que assolava aquela região.

Desde os sonhos do padeiro e copeiro do Faraó, ainda na prisão, até o culminante momento de encantar a toda a corte do monarca, em especial ao endeusado rei, José, em todas as ocasiões mencionava a condição de D’us ser o Ente Supremo do universo e que ditava o caminho de cada um.

À primeira vista, após ouvir a interpretação de seus sonhos, poderíamos pensar que talvez fosse mais prudente para o Faraó aguardar para ver se as previsões do jovem hebreu concretizar-se-iam. Entretanto, o que pareceu tê-lo surpreendido e tomado de imediato a decisão de elevar José a um posto de tamanha hierarquia foi a orientação que dele recebeu, inserida em Gen.41:33-36 (e agora, veja o Faraó um homem entendido e sábio e ponha-o sobre a terra do Egito. Faça isto, Faraó: Nomeie encarregados sobre a terra e aprovisione a terra do Egito nos sete anos de fartura e junte todo o alimento desses anos bons que vêm, e amontoem os grãos sob o poder do Faraó, alimento nas cidades e guardem-no. E será o alimento como reserva para o povo, para os sete anos de fome que haverá na terra do Egito, e não pereça o povo da terra por causa da fome) que o levou a perguntar: “Encontra-se como este, outro homem, no qual o espírito de D’us esteja com ele? E disse o Faraó a José: Depois que D’us te fez saber a tudo isto, não há entendido nem sábio como tu” (Gen. 41:38-39). O Faraó entendeu, então, que José lhe decifrara ao mesmo tempo o sonho, o problema e a sua solução.

Diametralmente oposto aos magos que circundavam o monarca, José os faz entender que o rio Nilo era um elemento a mais da natureza criada por Ele e que, independentemente de ser idolatrado como um deus, secaria suas águas como anunciado no sonho. José estava imune à laqueadura mental que o paganismo impõe aos seus adeptos, por isso se posicionou de forma a despertar admiração pela valentia e liberdade de seus pensamentos, apresentando uma proposta racional para livrar o país da seca que se avizinhava.

Estamos aprendendo, portanto, que a Torá não é um livro de História, um mero relato de fatos que se sucederam, é uma mensagem de vida atual e milenar que nos mostra a cada dia o desenvolvimento do homem.

MIKETZ é sempre lida no período de CHANUKÁ. Há quase 2.200 anos celebramos esta efeméride conhecida como Festa das Luzes. Naquela época, o poderoso império assírio tentou destruir-nos por meios violentos e até mesmo sutis, jamais esperando que um punhado de homens lograsse mudar seus propósitos, como nos conta a História dos Macabeus.

Hoje em dia, quando em diversas situações da vida pode parecer que estamos numa obscuridade espiritual, sucumbindo ante duros revezes, é importante ter em mente JOSÉ e CHANUKÁ, que nos ensinam a passar de um extremo ao outro da sorte, dando-nos esperança e mudando situações hostis, transformando-as em sonhos.

“Não pela força nem pelo poder, mas pelo Meu espírito, disse o Senhor das Hostes” (Zacarias, três séculos e meio antes da revolta dos Macabeus).

SHABAT SHALOM UMEVORACH !

CHANUKÁ SAMEACH !

Isaac Dahan Chazan / Shaliach Tsibur da Comunidade de Manaus

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