quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Peraxa " Vaigash" - Isaac Dahan

Nossos sábios sempre traçaram inúmeras comparações entre a vida de José e sua semelhança com a História do Povo de Israel na diáspora, fatos bem ilustrados nesta perashá.

José, após anos de penúria e injustiças, galgou o maior cargo da nação mais poderosa da época, passando a ser admirado e obedecido por todos. Na realidade, seria o ápice de uma etapa que todo imigrante sonha em sua nova pátria e que infelizmente nem todos conseguem.

AM ISRAEL passou por várias diásporas, Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma, etc. e até hoje estamos espalhados pelo mundo onde contribuímos com nosso trabalho e conhecimento para o engrandecimento das nações, sendo freqüente a inveja e o ódio que chega ao anti-semitismo, difundindo-se como forma de enfraquecer o pilar central do judaísmo, sua cultura, simbolizada pela Torá (Lei), Emuná (fé) e a Kedushá (santificação de D’us).

Já vimos na perashá anterior que José, ao reconhecer seus irmãos, não sendo por eles reconhecido, trata-os de forma inamistosa, severa, quase vingativa, mantendo esta postura em todos os diálogos que se seguiram. Alguns opinam que este procedimento fazia parte de um teste para saber até que ponto estavam arrependidos pelo que fizeram com ele e como se portariam ao saber que o irmão caçula Benjamin não poderia voltar para o velho pai.

Foi quando entrou em cena a figura de Judá (Yehuda) que falando de forma franca, ia desmontando toda a dureza encenada por José, apelando para a amargura e o dano irreparável que a perda de Benjamin causaria ao último patriarca.

A cada ano, por ocasião da leitura de VAIGASH, recordo o período de quando ainda adolescente, ouvia os ensinamentos de meu venerando pai, que em paz descanse, o qual se reportava a Judá como Yehuda Mamash (em hebraico: mesmo). Ele queria dizer que Yehuda era incisivo, um judeu mesmo, perseverante e excelente argumentador, além da grande responsabilidade que estava imbuído, fatores que foram fundamentais para convencer José da sinceridade de suas palavras e do arrependimento pelos erros cometidos no passado. De Judá, sabemos, descendeu o reino mais duradouro de Israel e de cuja linhagem, ensina nossa tradição, virá o Mashiach.

O desenrolar destes acontecimentos chega ao clímax quando, em prantos, José se dá a conhecer a seus irmãos. Ele nunca havia chorado antes, ao ser lançado no fundo do poço, quando foi vendido como escravo ou até mesmo quando foi encarcerado.O retorno à santificante união familiar o fez cair na realidade quase esquecida (a assimilação cultural é o principal fator que influencia na perda da identidade judaica, caso não haja um forte alicerce embasando nossos valores).

José, enfim, encontrou alento e pôde chorar copiosamente no ombro de seu pai quando todos se reuniram novamente. Toda a dureza e o rótulo de homem frio e calculista acumulados durante anos vivendo como egípcio se diluem no seio familiar e o passado se vivifica na figura e no apoio paternal de Jacob, um sonhador como ele.

SHABAT SHALOM UMEVORACH !

Isaac Dahan
Chazan / Shaliach Tsibur da Comunidade de Manaus

Comitê Israelita do Amazonas
Rua Leonardo Malcher, 630 - Centro
CEP 69010-170 Manaus AM
Fone: (92) 3233 6361 Fax: (92) 3234 9558
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