quinta-feira, 25 de março de 2010

PERAXA "TSAV" - Isaac Dahan

Em TSAV encontramos por três vezes a instrução para que o Cohen (sacerdote) mantivesse acesa a chama que arderia continuamente sobre o altar. A cada manhã era colocada nova lenha para que a chama continuasse firme.

Na realidade extraímos daqui um ensinamento de vital importância para guiar nossas vidas com vibrante elevação espiritual. Os rabinos comentam que estas repetições do texto logo no início da perashá, mostram o sentido de que este fogo, além de estar no altar, serviria como estímulo constante ao sacerdote para aquela tarefa, como se o entusiasmo por suas ações jamais se apagasse e não se tornasse uma simples rotina. A cada dia aquela lenha deveria ser renovada com a emoção da primeira vez. Isto se aplica até nossos dias e a todo Am Israel, mesmo com a destruição dos dois Templos, devemos recomeçar diariamente e sempre com mais vigor nossas ações para com D’us e também para com nossos semelhantes.

Geralmente quando a pessoa inicia algo novo o faz com muita paixão e devoção, porém, ao cair no cotidiano, enfraquece a fibra que deveria ser sempre necessária para cumprir aquela missão. A Tora acrescenta que até o rei deveria se enquadrar neste princípio: “E estará como quando se sentou em seu trono real” (Deut.17:18). É evidente que isto se aplica também a alguns chefes e governantes em diversos cargos. Passado um período de seus mandatos, a rotina se torna praxe, esquecendo-se das obrigações assumidas, parecendo inclusive que estas funções são capazes de provocar amnésia naqueles não tão bem intencionados.

Suponhamos o que aconteceria se nos enfastiássemos de nossas orações diárias e as repetíssemos sem fervor. Faltando kavaná (intenção fervorosa), nossas preces jamais alcançariam níveis elevados para serem ouvidas pelo Altíssimo. E quanto a Ele, caso não se interessasse mais pela Criação? Imaginemo-nos sem oxigênio, sol, chuva, saúde, etc. Hashem Iatsilenu (D’us nos livre). Que seria de nós? Esta perashá nos ensina que devemos rezar como se fosse a primeira e a última vez na vida.

A alma da pessoa é como uma chama que deve elevar-se cada vez mais alto na tentativa de comunicar-se e vincular-se com o Todo Poderoso. Aquela nova lenha colocada diariamente pelo sacerdote deve fazer-nos sentir como uma pujante brasa viva que não se consome facilmente, uma verdadeira fonte de calor, brilho e esplendor a todos ao nosso redor, cumprindo realmente esta grande mitsvá (preceito). Entretanto, para que este sentimento não fique só na intenção é necessária uma energia renovada a cada dia, pois, caso contrário, poderia ser considerado o que se chama popularmente de “fogo de palha”, deslumbrando e fascinando a todos num efêmero lapso de tempo, apagando-se a seguir e tornando-se um amontoado de cinzas amorfas.

A Tora nos orienta e inspira com este exemplo. Que todos os dias possamos concentrar nossos esforços para dirigir nossas vidas àquela chama perpétua ardendo no altar de nossos corações.

SHABAT SHALOM UMEVORACH !

Isaac Dahan

Chazan / Shaliach Tsibur da Comunidade de Manaus

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