sexta-feira, 2 de abril de 2010

BOA FORTUNA,"MIMONA" - Isaac Dahan

MIMONA

BUENAS SALIDAS DE PASCUA

Entre as tradições que explicam a origem da festa de Mimona e seu inusitado nome, teceremos alguns comentários sobre a mais difundida.



Ela está relacionada ao dia do aniversário de falecimento de Rabi Maimon Ben Yossef Z’L, pai de Maimônides. Acredita-se que daí deriva o nome de Maimuna, Mimuna ou Mimona, como aqui em Manaus.



Rabi Maimon foi um grande estudioso do século XII e vivia na cidade marroquina de Fez. Tendo em vista seu especial prestígio junto ao governo e ao povo marroquino (era considerado um grande sábio), ele teve um trabalho importante dedicado a melhorar a relação entre judeus e islâmicos, facilitando a convivência pacífica e aliviando muitas vezes a tensão de milhares de seus irmãos.



A festividade começa logo após o final de Pessach, oitavo dia na diáspora e sétimo dia em Eretz Israel e tem caráter estritamente familiar, pois ocorre nas residências, entre familiares, amigos e visitantes. É preparada uma mesa especial coberta com uma toalha branca e adornada com folhagem verde (em nossa região se usa muito o capim santo e as espigas de trigo), sobre a qual são colocados alimentos que simbolizam crescimento e fertilidade, ex. leite, ovos, azeite, mel, peixe, trigo, feijões verdes. É famosa nas mesas de Mimona nos lares dos judeus descendentes de marroquinos a bacia com massa de pão crua, que vai crescendo gradativamente, enfeitada com muitas moedas. Alguns colocam jóias de ouro e prata, tudo no sentido de crescimento e sorte, seguindo também a tradução da palavra árabe Mimon, que pode ser sorte ou sucesso, daí derivando o antigo costume de nombrar (dar o nome) de Mimon a um recém-nascido para lhe trazer bons augúrios.



Ainda sobre a bacia da massa de pão que geralmente transborda no seu crescimento, nossos antepassados contavam o interessante costume de casais estéreis ali colocarem suas alianças naquela noite, para que fossem abençoados com filhos.



A alimentação era farta, não podendo faltar iguarias como biñuelos e mufletas (também conhecidas como teri) ao lado de uma gama de quitutes que eram oferecidos aos visitantes.

Ia-se de casa em casa cumprimentando parentes e amigos numa grande manifestação de alegria e recebendo do Baal Habait (dono da casa) uma Mishaberach (bênção) sobre uma tâmara ou alface com mel, que era ingerida pelo visitante.



Mimona hoje é uma festa nacional em Israel, impulsionada principalmente pela imigração maciça de judeus marroquinos e do norte da África após a restauração do Estado e contribui vivamente para dar um tom especial nas celebrações do final de Pessach.



Vemos que com o passar do tempo as cidades se tornaram grandes, as distâncias cada vez maiores, o tempo das pessoas foi ficando escasso e, com isso, foi diminuindo o número de visitas inter-familiares. Em Manaus, além de estimular aqueles que ainda possam continuar fazendo a tradicional peregrinação na noite de Mimona, para não perdermos esta preciosa tradição, instituímos uma grande festa comunitária na Esnoga, após o Arvit de Lemotsaei Pessach (saída de Pessach), com todos os símbolos citados acima e congraçamento entre os membros da kehilá.



A saudação mais tradicional de nossos antepassados para esta data e que devemos tentar transmitir continuamente é: BUENAS SALIDAS DE PASCUA ! Também era costume ao se entrar alegremente nas casas saudar da seguinte forma: IAH MIMONA (ou MIMON), IAH SHALOM, IAH BABÁ TERBÁH ! IAH faz alusão a D’us e assim eles queriam dizer:

Que Ele te dê sorte/alegria, que Ele te dê paz, muito, muito !

Dr. Isaac Dahan

Sheliach Tsibur da Comunidade Israelita de Manaus

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